Atualizado: 8 de jun. de 2020
Veja os principais momentos da primeira etapa da jornada de desaprendizagem
ESPECIAL MESTRES DAS KEBRADAS NA ÍNDIA
::Por Giselle Paulino, de Delhi; fotos de Haroldo Castro::
De 2 a 17 de fevereiro, cinco líderes comunitários do Jardim Pantanal, Jardim Nakamura, Capão Redondo e Ermelino Matarazzo participaram de um programa de troca de experiências em educação livre na Índia. A vivência faz parte da criação de uma universidade na periferia que reconhece como “professores” pessoas com conhecimentos práticos que se dedicam a solucionar questões complexas da sociedade como violência, lixo, educação e alimentação, entre outros. Também participaram da jornada um grupo de pessoas interessadas em educação livre e que desenvolvem projetos que resgatam suas próprias formas de aprendizagem em suas comunidades.
Esta série de seis postagens traz reflexões, poemas e reportagens sobre os principais momentos da jornada em Delhi. Os líderes tiveram contato com a cultura da Índia, dormiram em Ashram e visitaram o magnífico Taj Mahal, mausoléu situado em Agra, um dos monumentos mais conhecido do país.
“O Taj Mahal é o símbolo do que o amor por alguém pode construir externamente. Me faz imaginar o que podemos construir internamente quando estamos no sentimento do amor.” (Claudinho Miranda, Favela da Paz)
Um dos pontos altos foi a troca de experiência com a escola Sarvodaya Vidyalaya região de favelas ao Norte de Delhi. A escola enfrentou a violência e evasão escolar de alunos com espaço para descolarização e atividades como meditação, práticas de autoconhecimento e aulas de música, dança, vídeo e patins.
O grupo teve a oportunidade de se hospedar no Ashram Sri Aurobindo e entrar em contato com a história de um dos grandes líderes políticos e espirituais que a Índia teve. Sri Aurobindo lutou pela independência do país no final do século 19 e a partir de 1910 dedicou-se apenas à vida espiritual. Sri Aurobindo via o ser humano como um ser em evolução. Dizia que, em vez de se fechar num monastério, o homem deveria transformar a vida.” Em 1968, Mirra Alfassa, discípula de Aurobindo, criou uma cidade para colocar em prática as idéias de seu mestre. Em Delhi, seu ashram é um oásis verde na cidade.
A próxima série de postagens trará notícias da jornada em Udaipur, Rajastão, com as organizações Swaraj University e Shikshantar, Universidade da Cadeia, comunidades de camelos, e muito mais.
“A Índia é uma desconstrução de coisas que a gente aprende na rua. É surpreendente. Tivemos uma nova surpresa em cada pedacinho dessa jornada.” (Eda Luiz, educadora)
O movimento de educação livre na Índia foi iniciado por Manish Jain, cofundador da Shikshantar e Universidade Swaraj. Manish estudou em Harvard e trabalhou em Wall Street e em organizações da ONU. Decepcionado com o modelo de educação atual, voltou à Índia para começar um movimento que honra saberes não reconhecidos pela educação tradicional.
Manish Jain esteve no Brasil em 2018 e 2019 e inspirou o projeto de universidade livre desenvolvido nas periferias de São Paulo que recebe o nome de UniDiversidade das Kebradas. A UniKebradas faz parte de uma aliança de mais de 100 iniciativas em 40 países que reconhecem suas próprias formas de aprendizado e de conhecimento como maneiras para solucionar questões sociais e ambientais do planeta.
*O projeto Mestres das Kebradas na Índia é uma iniciativa da UniDiversidade das Kebradas e foi viabilizad graças a um financiamento coletivo que captou cerca de 75 mil reais por parte de mais de 100 doadores. A logística da viagem foi executada de forma pro-bono pela Viajologia Expedições, operadora especializada em viagens de conhecimento e em rotas fora do usual. O projeto é uma parceria com a Articulação Sul, organização que trabalha para promover iniciativas de cooperação Sul-Sul que visem a construção de sociedades mais justas, igualitárias e sustentáveis